Artist Statement

Through my work I contemplate the idea of discomfort with an aesthetic eye and, in so doing, reality reconfigures itself. And so does the discomfort. As if I had any status about it that would allow me to understand and restrain it. As if I weave it my way, with all the peace of the quiet mornings that are foreign to me.

I contemplate the dyed skin of our identity: the memory and the time behind it. The Reality, the fictions, and the impenetrable gap that rips between the two and where all the understanding that escapes us before the mirror, sinks. The multiphrenia of the self, the masks. The real and built identities, the cocoons that protect us from the Other and the walls that hide us from ourselves. The intimate noise that lulls and awakens us. The fleeting reflection of our understanding and the weight of a world to which we are foreigners. The fog that dampens the past and the pitch-black that rests on the days yet to come.

And us. In the middle of everything. Lucid and blind. Lost, proud and naked. Trying, wonderfully, to understand.

I contemplate the discomfort and make it an aesthetic object, so it may be contemplated as well: as form, as thought, as wonder.

Através da minha obra contemplo o desconforto com um olhar estético e, ao fazê-lo, a realidade reconfigura-se. O desconforto também. Como se tivesse sobre ele qualquer estatuto que me permitisse compreendê-lo e refreá-lo. Como se o tecesse ao meu jeito, com toda a calma da manhãs tranquilas que me são estrangeiras.

Através da minha obra, contemplo a pele tingida da nossa identidade: a memória e o tempo por detrás dela. A realidade, a ficção, e o fosso impenetrável que se rasga entre ambas e onde se afunda todo o entendimento que nos escapa diante do espelho. A multifrenia do Eu, as máscaras. As identidades reais e construídas, os casulos que nos protegem do Outro e as muralhas que nos escondem de nós. O barulho íntimo que nos embala e desperta. O reflexo fugidio do nosso entendimento e o peso de um mundo a que somos estrangeiros. A neblina que humedece o passado e o breu que que pousa sobre os dias que ainda estão por vir.

E nós. No meio de tudo. Lúcidos e cegos. Perdidos, soberbos e nus. A tentar, maravilhosamente, compreender.

Através da minha obra contemplo o desconforto e torno-o objecto estético, para que possa ser contemplado também: como forma, como ideia, como deslumbramento.