The Hidden Place

They are tales from a hidden place. Pieces of stories worn from being told so many times, of stories that have never been heard.

These are the tales that lie beyond us and that build us, so pervaded in the rough fabric of our understanding that they do not reveal themselves without making our soul into rags of nothingness. They are tales like fine silk threads that sew the rough cloths of the ego and make us whole on the outside and broken within.

They are the fables lost in the pale places of our memory, the bits of a song that we may never have heard. The faceless faces that bring in their lap the eyes of every crowd. The colors of the landscapes we came back from so long ago that the only remains of them are vague impressions of something that has no name or how to be called. The shapeless sounds, the dreams that so often remind us of anything that has happened. And the lived things that were lost in dreams, in a bizarre blend of running images.

They are tales of a hidden place. The lost forge of our identity. The noise. The smell of nothing at all… that fills us as it exudes from the inside out of our gaze. The reflection in murky waters of a foreign lover. The quiet acidity of the memories that got stuck in the crooked sieve of time.

São contos de um lugar escondido. Pedaços de histórias gastas de tanto serem contadas , de histórias que nunca foram ouvidas.

São contos que ficam para lá de nós e que são quem nós somos, tão impregnados no tecido áspero do nosso entendimento que não se revelam sem que da alma só nos restem farrapos de nenhuma coisa. São contos como linhas de seda fina, que nos costuram os panos rudes do ego e nos fazem inteiros por fora e estilhaços por dentro.

São as fábulas que se perderam nos lugares mais pálidos da nossa memória, os pedaços de canções que, talvez, nunca tenhamos chegado a ouvir. Os rostos sem cara que trazem no regaço os olhares todos, de cada multidão. As cores das paisagens de onde voltamos há tanto tempo, que delas só nos resta uma impressão vaga de uma coisa qualquer, que não tem nome nem como ser chamada. Os sons informes, os sonhos que às tantas nos são como recordações de qualquer coisa que tenha acontecido. E as coisas vividas que se perderam nos sonhos , numa mescla parda de bizarria de imagens a correr.

São contos de um lugar escondido. A forja perdida da nossa identidade. O barulho. O cheiro de coisa nenhuma que nos tolhe como se exalasse do avesso do nosso olhar. O reflexo em águas turvas de um amante estrangeiro. A acidez tranquila das memórias que ficaram presas... na malha torta da peneira do tempo.